terça-feira, 16 de outubro de 2007

Vidas Secas

Enfim chove de dia em Brasília e já não era sem tempo. Em cinco meses duas chuvas, ambas de noite, amanhecendo a mesma secura de sempre nos dias seguintes.

Pessoal aqui já estava confundindo fumaça com nuvem de chuva. A pele parecia mais solo do sertão, não tinha creme que resolvesse. O cabelo estava pior que cabelo mal penteado de boneca velha. Saliva quase não existia, o suor teimava, mas logo era evaporado também. Sangue no nariz já era normal.

E o calor? Vento não existia. Nenhum. Nada. O único deslocamento de ar sem ventilador era dos carros, muito bom ficar perto de uma rua, esperando o ventinho. Problema era quando tinha engarrafamento.

Não dava para vestir nada colado, virava uma segunda pele que só sai depois das primeiras chuvas. Sapato fechado nem pensar. Pra dormir tinha que ser seminu, ou peladão logo. Difícil fazer qualquer movimento sem morrer de calor, fosse levantar o controle remoto ou uma forcinha a mais no banheiro.

Café e sopa eram proibidos. Chocolate só derretido, ou em forma de calda de sorvete.

Bons tempos aqueles em que sentíamos o aquecimento global na pele. E ainda assim estamos nós com aerosol, gasolina, queimadas, cigarro, desmatamento e bla bla bla que todo mundo diz que sabe mas não liga.

Acho que pessoal gosta mesmo é de pegar um solzinho né?

E agora tá chovendo. Merda.



Top 5 coisas para se fazer na seca:
1. Apostar o que vai aparecer no fundo do lago quando a água terminar de evaporar.
2. Contar folhas verdes.
3. Marcar programas de índio para depois da chuva.
4. Praticar e incentivar o naturismo na faculdade.
5. Fritar no asfalto: ovo, batata, nugget, calouros, e o que mais for fritável.